segunda-feira, 26 de julho de 2010

Área de museuologia

Primeira universidade do país na área de museuologia está prevista para outubro
Fonte: Agencia Brasil – www.pernambuco.com

O Brasil poderá contar a partir de outubro com uma universidade aberta na área de museologia. Segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), José Nascimento Junior, a intenção é capacitar profissionais de todo o país que já trabalham em museus, mas sem formação específica. Haverá cursos de pós-graduação e de curta duração transmitidos por aulas virtuais ou presenciais, em Brasília.

“Nossa meta é fazer inventários dos acervos e conscientizar os museus para a importância de aplicar o plano de segurança nacional que elaboramos. Quanto aos investimentos, passamos de R$ 25 milhões em 2003 para os atuais R$ 120 milhões anuais”, disse.

Ele acredita que o aumento de recursos influencia diretamente o crescimento no número de vistantes, que passou de 15 para 33 milhões de pessoas. Mesmo com a ampliação do acesso, os museus ainda estão concentrados no Sudeste do país. O Norte e o Centro-Oeste são as regiões mais carentes de museus e centros culturais.

“Existe uma concentração histórica de instituições culturais no litoral. Para rompermos com isso estamos buscando apoiar museus que querem ser federalizados ou criados nas outras regiões”, explicou Nascimento. Além disso, foram criados pontos de memória em áreas carentes, como a cidade Estrutural, em Brasília, e o Morro Pavão-Pavãozinho, no Rio de Janeiro.

O Ibram cuida de 28 museus ligados diretamente ao Ministério da Cultura e também é responsável pela Política Nacional de Museus, que orienta os 2.870 museus brasileiros. O instituto foi criado em 2009, mesmo ano da aprovação do Estatuto dos Museus.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Educação Patrimonial - Entrevista

Patrícia Falco Genovez possui doutorado em História pela Universidade Federal Fluminense
(2003), mestrado em História pela Universidade Federal Fluminense (1996) e graduação em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1993). Atualmente é professora titular da Universidade Vale do Rio Doce. Tem experiência na área de História, com ênfase em História Cultural e História Política, atuando principalmente nos seguintes temas: história de Minas Gerais, relações de poder, liturgias do poder, análise de redes sociais, memória e territorialidades.

Jornal Cidade Futuro: Ao abrirmos espaço para o tema “Educação Patrimonial” estamos proporcionando à sociedade um convite à reflexão quanto à responsabilidade que assumimos enquanto profissionais e cidadãos no processo de fortalecimento e revitalização de nossa cultura. Porém, a temática ainda é pouco discutida tanto em âmbito municipal quanto nacional. Por que existe essa deficiência quanto ao debate do tema?

Patrícia Genovez: Acredito que a deficiência ocorra em função de uma perspectiva limitada de alguns conceitos que sustentam o tema. Dentre os quais destacamos: educação, patrimônio e outros transversais, como história e cultura. Em outras palavras, ainda convivemos com um conceito estreito sobre educação e sobre patrimônio. O primeiro, a educação, nem mesmo é percebido como um processo de formação, mas apenas como informação que deve ser transmitida de forma avassaladora por meio de conteúdos intermináveis requeridos pelos programas de cada disciplina. Sem a sua característica essencial, a educação se torna restrita ao ambiente escolar. Com esse tipo de educação, não podemos esperar maior amplitude nos demais conceitos expostos anteriormente.

JCF:
Através de ações voltadas à preservação e compreensão do Patrimônio Cultural, a Educação Patrimonial torna-se um veículo de aproximação, conhecimento, integração e aprendizagem. O que falta para que essa temática seja incluída nos conteúdos ensinados nas escolas?

PG: Do ponto de vista legal, não falta nada. Os Parâmetros Curriculares Nacionais tanto de ensino fundamental quanto do ensino médio, preveem em seus objetivos gerais o conhecimento e a valorização do patrimônio sociocultural brasileiro. Os conteúdos possuem uma vinculação clara com a história local, o que nos remete novamente aos procedimentos da Educação Patrimonial que implicam na aproximação entre a escola e a comunidade. Isso deve ocorrer num processo que integra conhecimento e aprendizagem de forma interativa. No meu ponto de vista, falta exatamente mudar a perspectiva do que seja, afinal, educação.

JCF: Quais são as principais etapas para que seja realizado um projeto de Educação Patrimonial no cenário municipal?

PG: Quando falamos em projetos é bom ressaltar que se deve seguir uma formatação específica de acordo com o Insituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA/MG), assim como um roteiro que padroniza o relatório das atividades desenvolvidas. Trata-se de uma atividade que merece os mesmos rigores de qualquer projeto de pesquisa submetido a órgão de fomento. Em suas etapas, o projeto deve incluir a especificação conceitual com a qual se irá trabalhar e o contexto histórico regional. O projeto deve enfocar de forma minuciosa a metodologia que o norteará, especificando para cada atividade a técnica e o método que auxiliarão em sua execução. Portanto, não só os projetos de Educação Patrimonial como as demais atividades que envolvam o Patrimônio Cultural, devem conter uma equipe capacitada e multidisciplinar, cuja importância de historiadores, antropólogos e arquitetos é fundamental.

JCF: O Núcleo Cidade Futuro desenvolve em Governador Valadares o projeto Ponto de Cultura BEABÁ AUDIOVISUAL. As oficinas têm como principal objetivo engajar os jovens em atividades ligadas ao registro da memória social e a formação audiovisual. Existe algum outro projeto na cidade que tenha como foco a Educação Patrimonial?

PG: Não tenho conhecimento de projetos, mais de atividades pontuais. É importante lembrar que essas atividades acabam perdendo relevância quando não acontecem em sintonia com os vários setores da sociedade. O esforço do Cidade Futuro deve seguir nesse sentido, enquanto projeto, congregando vários setores da sociedade e chamando ao debate os vários protagonistas sociais. É importante ressaltar que a responsabilidade sobre o patrimônio cultural não deve ser depositado em apenas um grupo ou órgão, ela deve ser entendida como uma responsabilidade de cada um de nós.

JCF: Quais os bons frutos que um trabalho de Educação Patrimonial bem executado pode colher?
PG: Tive a oportunidade de realizar uma atividade de educação patrimonial que teve como objetivo apenas operacionalizar alguns conceitos e técnicas de pesquisa entre os alunos do curso de História da Univale. A atividade, que a uma primeira vista era bastante simples, coletar informações sobre o bairro onde cada aluno residia, acabou se transformando numa importante ferramenta de identidade e auto-estima. Tivemos relatos emocionados de vários alunos que, ao longo das entrevistas com antigos moradores, passaram a valorizar o próprio bairro e a perceber a cidade sob uma outra perspectiva. Nesse sentido, seria importante firmar parcerias para que as atividades pontuais viessem a formar, de fato, um projeto que pudesse ser executado em todas as escolas da rede pública e privada.